A atividade psicanalítica é árdua e exigente, não pode ser manejada como um par de óculos que se põe para ler e se tira para sair a caminhar. Via de regra, a psicanálise possui um médico inteiramente, ou não o possui em absoluto. Aqueles psicoterapeutas que empregam a psicanálise, entre outros métodos, ocasionalmente pelo que sei, não se situam em chão firme.[1]
O encontro com a psicanálise de orientação lacaniana numa instituição foi decisivo na minha formação. Desde então, psicanálise e instituição estiveram entrelaçadas no meu percurso. De estagiária numa maternidade púbica à profissional da rede de saúde mental da cidade do Rio de Janeiro lá se foram 25 anos, alguns Caps, dois hospitais e vários ambulatórios. Certas perguntas se mantiveram sempre presentes: como fazer a partir da psicanálise? Como um analista opera numa instituição? É possível?
Freud e o par de óculos
Tomo como ponto de partida o dizer de Freud citado acima. Essa afirmação tornou-se orientadora do meu fazer, porém foi especialmente desafiada num certo trabalho de grupo, num hospital pediátrico, ao qual fui convocada a dar continuidade, já que é uma tarefa que por contingências da dinâmica da equipe e da instituição, cabe ao profissional que está no dia realizar.
Às segundas-feiras pela manhã algumas crianças e seus pais se reúnem para participar de um grupo num hospital pediátrico. Elas, em breve, passarão por um procedimento cirúrgico. Seus corpos vêm sendo objeto de consultas, exames médicos, medicações. A instituição faz uma demanda para que nesses grupos as crianças e os seus pais sejam “preparados” para essas cirurgias. Essa proposta existe há cerca de trinta anos, o que denota um importante reconhecimento da instituição de que uma intervenção no corpo, tão invasiva como uma cirurgia, pode despertar muita angústia. A proposta original inclui uma parceria multiprofissional com o serviço social e enfermagem, que durante esse tempo foram participando de acordo com sua disponibilidade.
A idealizadora desse grupo o concebeu numa perspectiva lúdica e informativa, confeccionou bonecos com os quais seria possível demonstrar e explicar como eram realizadas as cirurgias. A partir do brincar de operar e da teatralização eram passadas informações acerca da rotina hospitalar, dos procedimentos anestésicos e cirúrgicos e dos cuidados pós-operatórios. Podemos reconhecer que nessa resposta à demanda institucional há uma crença de que o saber poderia recobrir o mal-estar trazido pelas inquietações e angústias que o real de uma intervenção no corpo pode causar e uma aposta de que ocorreriam menos intercorrências e inadequações ao ambiente hospitalar.
“Se as meninas do Leblon não olham mais pra mim (eu uso óculos)
E volta e meia eu entro com meu carro pela contramão (eu tô sem óculos)”[2]
Num primeiro momento atendi à demanda da instituição conduzindo o grupo no mesmo formato no qual foi desenhado, sem maiores questionamentos, não sem um certo incômodo e estranheza, que podiam ser localizados no seu modus operandi – um único encontro com a participação dos pais e das crianças e no lugar central da terapêutica na sua condução. Até esse momento localizava o mal-estar no que seria um problema do “grupo”, que não se encaixaria no standard de um trabalho analítico. O que restava para mim era a vergonha de ter tirado o meu “par de óculos” e, tal como Freud nos apontou, ao estar usando outros métodos que não a psicanálise não estar mais pisando em chão firme da formação analítica.
Em um determinado momento, fui entrevistada por uma equipe de reportagem de um jornal da cidade que soube da existência do grupo e se interessou em conhecer o dispositivo. Respondi às perguntas em relação à proposta, à dinâmica e aos seus efeitos sobre os pequenos pacientes. A partir daí a angústia também entra em cena. Percebo estar conduzindo o grupo num certo autômaton, sem me apropriar dele, repetindo o modo de fazer do outro. Vergonha e angústia colocam a psicanálise no jogo, ou melhor dizendo, no grupo.
O trabalho de elaboração da angústia em análise se desdobra em colocar a psicanálise para dentro do grupo, repensá-lo a partir da minha formação e orientação: seria possível? Estava convicta de que essa proposta era totalmente avessa ao discurso analítico, já que colocava em grupo pais e crianças e se propunha a passar informações, a partir de uma crença centrada no saber e na objetificação do lugar do outro. O que não deixava de ser verdade, porém haveria algum modo de fazer isso a partir da psicanálise? Essa pergunta se desdobrou no trabalho “Isso ainda é psicanálise? Sobre a formação do analista e o trabalho em instituição”, apresentado na Jornada de Encerramento do Curso Fundamental do ICP em 2017. Nesse trabalho afirmei que a angústia movimenta o sujeito a procurar um analista, porém: “[…] na instituição encontrar um analista é um tropeço circunstancial”.[3] O analista não é um funcionário da instituição, ele comparece na medida em que sua formação orienta o trabalho, abrindo mão das idealizações e normatizações terapêuticas em que prevalecem a eliminação do sintoma e do mal-estar decorrente dele.
Foi numa aproximação com os quatro discursos de Lacan, num cartel de leitura do O seminário, livro 17: o avesso da psicanálise, que fui encontrando algumas respostas para minhas questões. Nesse seminário, Lacan nos apresenta os quatro discursos: mestre, universitário, histérica e o do analista. Cada um deles refere-se a um modo de enlaçar-se, de relacionar-se e de conviver nesse mundo. Eles não estão em oposição ou embate, mas num movimento em que o próprio deslocamento dos elementos fundamentais do discurso – S1, S2, a, e S barrado – produz um novo discurso. Nesse movimento de giro, os discursos se constituem e estruturam o laço social. Portanto, por tratar-se exatamente de um movimento em giro não são estáticos, não se limitam a um grupo ou a uma atividade específica. Circulam e produzem seus efeitos.
Em um hospital, o médico tem um lugar social que atribui a ele uma dimensão de poder, pois é o detentor do saber sobre os cuidados e a saúde do paciente: examina, medica, opera… Há sobre ele uma expectativa e suposição de ter o poder de curar. E o que a ele cabe é colocar seu saber médico a favor da saúde de seu paciente. No caso desse grupo, são crianças que apresentam indicação de cirurgias consideradas menos complexas, tais como: fimose, hérnias, amígdalas. Elas passam por consultas pré-operatórias com cirurgião pediátrico, enfermagem, serviço social e são indicadas a participar do grupo de preparação cirúrgica.
O ponto de interrogação central em relação à condução desse grupo era seu viés preventivo e educativo, no qual podemos reconhecer que o que entra em jogo é o discurso universitário. Nessa perspectiva, há um saber no lugar de agente do discurso (orientação e informação) e o paciente como objeto (estudante), aquele que aprenderá sobre as cirurgias. O que vemos como produção no discurso universitário é exatamente o sujeito dividido, dissociado de seus significantes primordiais. Nesse discurso, não há abertura para o singular, há antes um mandato de tudo saber, sustentado pelo S1 no lugar da verdade.
Deparo-me, então, com um impasse em jogo nesse trabalho. O caminho que venho encontrando é justamente me servir do movimento de giro dos discursos para ler e intervir nesse dispositivo tão heterogêneo e incomum. Em um primeiro momento, me reposiciono quanto a uma leitura que colocava o discurso analítico como uma meta a ser alcançada, instaurada. Como se fosse possível operar somente pelo discurso analítico e descartar os outros. Equívoco que pode ser comum a um analista iniciante: tomar o discurso do analista em oposição aos outros discursos, sobretudo, aos discursos do mestre e do universitário. Nessa perspectiva, cai-se facilmente em rivalidades imaginárias e estereótipos acerca do psicanalista e de seu fazer.
Encontro no cartel de leitura da obra Extimidad de Jacques-Alain Miller – outra importante chave de leitura. Miller nos diz que: “Lo éxtimo es lo que está más próximo, lo más interior, sin dejar de ser exterior”.[4] Com a teorização da extimidade, Lacan subverte a lógica da oposição e nos apresenta uma nova topologia em que o dentro está fora e o fora está dentro. Na oposição estamos num registro do dentro/fora, o que coloca para a analista um impasse: se totalmente dentro dos discursos do mestre e universitário, deixa o singular do sujeito fora da cena; se não opera com os discursos, é ele mesmo que se coloca fora.
O caminhar das formigas na banda de Moebius que ilustra a capa do Seminário 10 surge como uma imagem que aponta a posição da analista, a partir de uma posição êxtima aos discursos. As formigas caminham pela banda num movimento em que não há começo nem fim, há uma impossibilidade aqui de representar um antagonismo. Ao incluir essa dimensão da extimidade e advertida de que o sujeito não é idêntico a si mesmo, que o que há de mais íntimo não deixa de ser externo, assim como o que é externo constitui o íntimo, o analista pode se posicionar, dar lugar à alteridade e suportar o vazio que permite as invenções singulares.
“Se eu tô alegre eu ponho os óculos e vejo tudo bem
Mas se eu tô triste eu tiro os óculos eu não vejo ninguém”[5]
E o que pôde ser inventado pela analista e pelos sujeitos que por esse grupo foram afetados? A primeira reformulação foi iniciar o grupo convidando-os a falar sobre as angústias referentes a esse momento da cirurgia. Ofereço um espaço para que as angústias possam aparecer e ser localizadas – quais são, quem está angustiado – e, sobretudo, retornar a pergunta – o que fazer com elas? “Ah… e se acontecer alguma coisa com o meu filho?”; “Posso entrar para ver a cirurgia?”; “Vou tomar injeção?”; “Vai cortar minha garganta?”; “Estou com medo do que vão fazer com meu pinto!”. Já se coloca em suspenso a ideia de que o que eles querem saber está contido somente no roteiro preestabelecido do saber médico. Procuro recolher a lágrima que cai, quando uma mãe me pergunta qual o risco da anestesia e diz: “Tenho medo que minha filha morra na mesa de cirurgia, não vou suportar mais uma perda na minha vida.” Essa mãe estava às voltas com o luto de sua própria mãe e a cirurgia da filha, embora se tratasse de uma cirurgia para melhorar a qualidade de vida dela, lançava-a imediatamente às angústias experimentadas por sua perda.
Outra mãe, que pergunta se o filho corre risco, conta que já havia perdido outro filho e não suportaria perder esse também. A que quer entrar no centro cirúrgico diz não suportar ficar do lado de fora e não ver o que está acontecendo. Há aquelas mães e pais que dizem: “Melhor não entrar, acho que não aguentaria ver isso”. Uma voz no fundo da sala se levanta e diz: “Sabe o que é? Esse é o momento que eu não dou mais conta, que tudo o que podia fazer pelo meu filho eu já fiz. Agora é confiar que o médico é quem sabe o que fazer”. Nesse ponto, há uma diferença fundamental em relação ao discurso universitário. Em lugar de objetificar o outro, o que se oferece é a tomada de fala pelo sujeito dividido. O sujeito barrado encontra-se no lugar de agente, tal como no discurso da histeria, e o analista ao não responder de um lugar de saber, como se faz no discurso universitário, convoca o sujeito a entrar na cadeia significante, oferecendo escuta ao saber que é singular a ele.
Num outro momento, referem-se à pergunta, sempre presente, sobre a anestesia. Os pais, geralmente, querem saber como ela será realizada e os riscos. Porém, percebo que para as crianças essa palavra parece ser totalmente enigmática. Ofereço a elas algo que me pareceu familiar ao universo infantil: os contos de fadas. Pergunto se já ouviram alguma história de personagem que adormeceu profundamente. Eles lembram da Bela Adormecida e da Branca de Neve que adormeceram por um feitiço e acordaram no final da história. Associo a anestesia com o feitiço de adormecer. Brinco que não haverá maçãs ou rocas envenenadas, mas uma fumacinha que sairá de uma máquina. Conto que o anestesista é tipo um feiticeiro que usa um remédio num aparelho muito parecido com um nebulizador, do qual sai uma fumaça que os fará dormir profundamente. Mostro uma imagem com um desenho de uma máquina de anestesia inalatória e uma máscara semelhante à utilizada nos aparelhos de nebulização, especialmente para ilustrar esse momento. Convido-as a brincar, encenando esse adormecer e o acordar com um beijo de seus familiares.
Do que se trata essa oferta? Penso tratar-se aqui, exatamente, de uma oferta de S1. Diante de uma experiência do real do corpo que assusta e amedronta, o S1 torna-se importante para apoiar a construção de uma fantasia e barrar a invasão desse real. Estamos aqui no terreno do discurso do mestre, tão essencial na constituição do sujeito. Tal como Lacan nos aponta: “Por mais besta que seja esse discurso do inconsciente, ele corresponde a algo relativo à instituição do próprio discurso do mestre”.[6] Há uma abertura para outras invenções a partir desse S1 oferecido, colocando em movimento a cadeia significante. Tal como um menino que diz preferir a história do Capitão América ao invés da história das princesas. Ele conta que: “O Capitão América era fraquinho, mas depois que entrou numa máquina cheia de fumaça ficou mais forte.”
Segue-se, então, o momento de falar sobre o procedimento cirúrgico e o pós-operatório. Utilizo os bonecos para mostrar como as cirurgias são feitas. O boneco que mostra a cirurgia de fimose é o que causa maior reboliço nas crianças. A maioria cai na gargalhada, quando vê um boneco com pênis, outras escondem o rosto ou olham de canto de olho. No boneco, mostro como o médico colocará um anel de silicone. Um menino mais extrovertido, surpreso, diz: “Ah, então, é isso que vão fazer no meu pinto? Colocar um anel, estava com medo do que iam fazer no meu pinto”. Outro, ainda assustado, pergunta: “Mas vou ficar com isso para sempre?”. Nada mais freudiano e referido à castração do que a pergunta que, por vezes, aparece logo no início: “Vão cortar o meu pênis?”.
Durante o transcorrer de um grupo, percebo uma menina com lágrima nos olhos. A mãe já tinha falado que ela estava com muito medo da cirurgia de amígdalas. No momento em que mostro numa boneca como a médica faz a retirada das amígdalas as lágrimas se intensificam e ela dá voz ao seu medo: “Como vou fazer para não chupar chupeta? Vou machucar a garganta, se eu chupar, mas eu não consigo parar”. Sabemos que, quando o saber está no lugar de agente, estamos no registro do discurso universitário. Porém, como na fala dessa menina, a chupeta é o disruptivo que entra em cena e aponta o furo que o discurso universitário não dá conta. A operação que tem sido possível é promover uma abertura para construir e incluir algo do próprio saber do sujeito, do que ele pode fazer com o que lhe angustia. Percebo também que um outro saber coletivizável pode se construir e ser transmitido, misturando-se àqueles S1s do saber médico e passo a incluí-los, quando falo das cirurgias. Como a de um menino que, ao ouvir sobre o acordar da anestesia, diz: “É igual, quando a gente liga o computador, a luz acende. Mas a gente tem que esperar carregar os programas para começar a mexer!”. E a solução do menino que, ao se deparar com o S1 dos feitiços de adormecer das princesas, lembra da fumaça na máquina do Capitão América, incluindo aí algo do masculino.
No transcorrer dos grupos, fico bastante atenta às reações das crianças e convido-as a retornar para falar comigo, se quiserem. Algumas vezes, encontro-as no dia da cirurgia na enfermaria ou nas consultas de revisão no ambulatório. Procuro recolher o efeito de sua passagem pelo grupo: “Ele chegou em casa todo animado, contando que iam colocar um anel no seu pinto e que alguns dias depois o anel ia cair e seu pinto ia ficar bom”, diz uma mãe. Um menino, diz não ter gostado do cheiro da fumaça: “Era muito doce” e por aí vai…
Por que você não olha pra mim? (ô ô)
Me diz o que é que eu tenho de mal (ô ô)
Por que você não olha pra mim? (ô ô)
Por trás dessa lente tem um cara legal[7]
Retomando a orientação freudiana, citada no início deste texto, e aplicando-a nesse grupo, podemos pensar que, se num primeiro momento, estamos em chão psicanalítico um pouco mais firme, pois é de uma certa aplicação da associação livre que se trata, é no momento seguinte que me deparo com o que me pareceu mais distante da psicanálise. Há uma certa transmissão de saber, de algo que é escutado, mas também é dito pelo analista, que pode colocá-lo no lugar de saber. De fato, há um efeito terapêutico nesse momento em que algum saber é transmitido, geralmente eles dizem que estavam imaginando muitas coisas e percebo um certo alívio e apaziguamento. Há também, por parte da equipe cirúrgica, um reconhecimento de que as crianças e os pais que participam do grupo chegam à cirurgia mais tranquilos e confiantes.
A leitura que pude fazer é que: faz diferença a posição que o analista se colocará em relação a esse saber. Trata-se de uma suposição de saber. Os pais e as crianças supõem que a analista saiba sobre as cirurgias. A analista, por sua vez, sabe que não é detentora desse saber, não se propõe a dar uma aula sobre cirurgia. O que faz é dizer algumas coisas de um saber que também lhe foi transmitido pela equipe médica. Um certo uso do saber, na posição de agente do discurso universitário, num movimento de giro que só pôde ser incluído ao me deslocar da posição de oposição aos outros discursos, abandonando a ideia de que o trabalho do analista deveria ser na direção de instaurar o discurso do analista, eliminando ou desmerecendo os outros discursos. Trata-se, na direção oposta, de operar com eles, entendendo o que eles revelam do funcionamento da instituição, acolhendo o que neles é fundamental para sustentar algo da coletividade e do social.
A psicanálise, enquanto um dos discursos, presentifica exatamente aquilo que não é coletivizável, que fura e aponta a dimensão do que não funciona bem nos ideais. E é aqui, mais uma vez, que a formação encontra seu lugar. O analista sabe que tem algo que resta, um não sabido, algo que escapa à preparação e coloca em cena um furo que o saber não recobre. É exatamente o não saber que opera na psicanálise.
Qual seria a incidência de que se trata no título desse trabalho? Penso ser exatamente a de evidenciar como o tripé da formação – análise, supervisão, estudos – é a lente dos óculos que podemos usar para responder às demandas com as quais nos deparamos, sobretudo num trabalho de instituição, ainda que seja a de “preparar” crianças para cirurgias.
[1] Freud, S. Novas conferências introdutórias sobre psicanálise. Edição Standard Brasileira das obras completas de Sigmund Freud. v. 22. Rio de Janeiro: Imago, 1996, p. 150.
[2] Trecho da letra “Óculos”, música dos Paralamas do Sucesso, composição de Herbert Vianna.
[3] Marcolan, A. Isso ainda é psicanálise? Sobre a formação do analista e o trabalho em instituição. Trabalho apresentado na Jornada de Encerramento do Curso Fundamental do ICP, turma de 2014, jul. 2017.
[4] Miller, J.-A. Extimidad: los cursos psicoanalíticos de Jacques-Alain Miller. Buenos Aires: Paidós, 2010, p. 13.
[5] Trecho da letra “Óculos”.
[6] Lacan, J. O seminário, livro 17: o avesso da psicanálise (1969-1970). Rio de Janeiro: Zahar, 1992, p. 85.
[7] Trecho da letra “Óculos”.